segunda-feira, 2 de abril de 2012

Devaneios. #001# Max Lucado. “Gente como a Gente.”

Gente como a Gente

Perto de você, sentado á mesa de uma cafeteria, está um rapaz na faixa dos vinte anos, cabelos negros. As roupas sugerem tratar-se de um representante da classe operaria; os músculos bem definidos e a pele bronzeada denunciam que ele trabalha ao ar livre. Será que seu emprego tem alguma coisa a ver com jardinagem ou carpintaria? você não quer ficar olhando, mas... sua aparência é fora do comum. A compleição física e os traços do rosto demonstram tratar-se de um estrangeiro. Você tenta desviar os olhos, mas, antes de conseguir, ele percebe e sorri.

- Sou hebreu.

- Como é que é?

- Você não é o primeiro a ficar admirado ao me ver. Sou um hebreu. Só vivi no Egito por alguns anos.

Você vira a cadeira na direção dele e se inclina para frente.

- E por que veio para cá?

- Posso dar a versão mais curta da história?

Você balança a cabeça, concordando, e ele começa.

- Bem, meu pai enganou meu tio em uma questão de herança. Minha avó colaborou, bolando o plano. Meu tio Esaú ficou furioso por ter feito papel de trouxa, por isso decidiu matar o meu pai, que fugiu com a roupa do couro. Considerando a situação, já achava lucro sair dali vivo. Ele encontrou refúgio na casa da família de meu tio-avô. Talvez você tenha ouvido falar dele: Labão. Não, é claro que não ouviu. Por que razão ouviria? A não ser pelo fato de que ele tinha uma grande criação de animais. Fui criado naquele lugar. Bem, prosseguindo ; meu pai se apaixonou por uma das filhas de meu tio-avô, Labão. Por acidente, acabou se casando com a outra filha. Labão foi mais malandro que o malandro do meu pai. Parece que a minha tia era caseira demais para arrumar um marido, por isso o pai arranjou um para ela. Mais tarde, meu pai se casou com minha mãe. Ela era a esposa preferida dele, sabe como é. Mas como demorou muito para engravidar, ele teve vários filhos com outras mulheres. Uma delas foi a irmã de minha mãe, aquela que era mais caseira. Quando nasci, a casa já estava lotada de crianças. Mas eu era o preferido de meu pai. Ele me dava mais presentes e me dedicava mais atenção do que aos outros filhos. Por isso, eles ficaram com ciúmes e reclamaram demais. Acabaram me vendendo como escravo a uns mercadores, e assim fui parar no Egito. Meus pai deve ter pensado que eu morri, mas não foi isso que aconteceu. Só que estou com muita fome. Você vai comer este beirute todo?

Então você entrega para ele o seu prato e fica assistindo, enquanto ele come tudo. Em seguida, fica pensando que história louca deve ser a daquele sujeito. Um enganado o outro. Todo mundo metido a esperto. Que tipo de gente é essa? São exatamente as mesmas pessoas que fazem parte do "grande elenco" de Deus. As escrituras são feitas de pessoas como José e sua família - gente comum e meio irresponsável.

Jacó passou a perna em Esaú com o consentimento da mãe, Rebeca.

O tio Labão armou uma tramoia na lua de meu para garantir que Jacó não percebesse que havia se casado com a mulher errada até a manhã seguinte, quando o matrimônio já estaria consumado e o bolo, cortado.

José ficava andando de um lado para o outro, orgulhoso como um pavão, que enfurecia seus irmãos - os mesmos que se tornariam patronos das doze tribos de Israel e membros da árvore genealógica de Jesus. Isso mesmo, de Jesus Cristo!


Continua….


Extraído do Livro: Gente como a Gente – Max Lucado – Editora Thomas Nelson Brasil.

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